terça-feira, 24 de abril de 2012

Novo depoimento de Carla não serve à justiça

Não deve servir à busca da verdade e de justiça em relação à quadrilha que roubou milhões de reais da conta de precatórios do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte a cópia que está circulando desde o último domingo, 22, anteontem, na internet e em emissoras natalenses de televisão como sendo parte do depoimento que a serventuária da justiça Carla Ubarana prestou ao ministério público quando conquistou seu acordo de delação premiada. 

Cheia de cortes, refletindo edição intencionalmente mal feita, a fita está cheia de frases que ninguém sabe onde e quando começam e não chegam ao fim, como se tivessem sido vítimas de cortes abruptos, principalmente quando sugerem citar algum nome. 

Esses cortes traem a preocupação do editor quanto a proteger determinadas pessoas. A qualidade do produto se junta ao fato de esta parte do depoimento não ter sido liberada para divulgação pela justiça, a exemplo do que a TV Nominuto veiculou na íntegra, duas semanas atrás, e à proximidade entre esta inesperada divulgação e o dia em que os desembargadores Oswaldo Cruz e Rafael Godeiro Sobrinho, apontados como co-autores do roubo pela depoente, se apresentarão, em Brasília, ao ministro César Asfor Rocha, relator do inquérito que o Superior Tribunal de Justiça instaurou para investigar o comportamento dos dois magistrados. 

Os três fatos levam à conclusão de que, sem prejuízo de se tratar de excertos de gravação promovida pelo ministério público, o que está sendo oferecido aos internautas e telespectadores natalenses é uma edição visando atender a alguém que tem parte com o que está sendo investigado. 

É um "vazamento" entre aspas que não pode ficar impune, pois pode provocar danos enormes ao que está sendo feito com seriedade e espírito público. Cabe aos investigadores abrir nova linha de trabalho para saber quem promoveu esse vazamento, punir os responsáveis e evitar que o mal uso das gravações não prejudique o principal, que é o esforço despendido pelo Tribunal de Justiça para ir às últimas consequências no afã de identificar todos os criminosos que roubaram o dinheiro do contribuinte. 
Roberto Guedes

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